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Pra ouvir enquanto lê: Tempos Modernos – Lulu Santos
Eu gosto do mistério, talvez seja por isso que eu tente fazer o mesmo ao introduzir esse tema. Enquanto eu fico fazendo caso, você provavelmente está se perguntando com certa desconfiança: Como Lulu Santos te enganou?
Meu trecho preferido de Tempos Modernos, lançada em 82 e atual até hoje (evolua, sociedade!), sempre esteve na “habilidade pra dizer mais sim do que não.” Por muito tempo, ela soou como um mantra pra mim, afinal, reforça a crença de ter a mente aberta, aceitando os presentes que a vida dá.
Mas um pensamento me ocorreu. Se “não há tempo que volte, amor”, porquê entregamos nosso tempo assim facilmente?
Aí que começam os devaneios, pensamentos e filosofias.
O sim
Quando você diz sim para algo, está dizendo não para outras coisas. O sim que você dá preenche um espaço que poderia ser destinado a algo que você talvez queira mais.
Nos tempos modernos, nosso sim parece automático, não é mesmo? Dizemos sim sem pensar e depois nos arrependemos. De repente, nos vemos sobrecarregados, cheios de compromissos que nem queríamos de verdade, correndo contra o tempo pra dar conta de tudo.
Aí que mora o perigo. O excesso de sim invariavelmente vai te colocar nesse looping. Você está correndo e diz sim sem pensar. Dizendo sim sem pensar, fica sem tempo. Sem tempo, você corre e o ciclo recomeça.
Como você já deve ter percebido, sou fã de citações. Portanto, aí vai uma do Osho para contribuir com a reflexão:
“Se você não tiver a capacidade de dizer não, o seu sim não significa nada.”
Pra quebrar esse ciclo, que tal uma pausa? Comece pelo talvez. Diminuir o ritmo te ajuda a pensar e decidir entre o que é obstáculo e o que é caminho. Aí você pode se perguntar: Estou dizendo sim para o que realmente quero?
O não
Substituindo o mantra de Tempos Modernos, eis meu novo norte para decisões, que também pode servir pra você. Uma frase de origem desconhecida, curta, mas poderosa:
“If it’s not a hell yes, it’s a no.”
Em tradução livre, algo como “se não for um sim óbvio, então a resposta é não.” Uma frase realmente linda de se dizer, mas difícil de executar. Confesso que é preciso disciplina pra colocar ela em prática. Dizer não, não é fácil, mas recompensador. Eliminando o que não é “hell yes”, você abre espaço para o que faz seu coração vibrar.
O tempo
Um dos meus assuntos preferidos, o tempo. Não por acaso, ele sempre surge nas minhas criações. Um dos fatos que mais gosto sobre o tempo é a sua imparcialidade. Ele é implacável e justo com todos nós. Não importa se você é um diretor executivo atarefado ou um estagiário com toda carreira pela frente. O tempo corre, e, como diria Lulu, escorre pelas mãos de ambos.
Por isso, na próxima vez que você for negociar seu tempo com alguém, tenha isso em mente. Respeite o seu tempo e também o tempo do outro. Não se coloque abaixo ou acima de ninguém. Seja neutro, buscando o equilíbrio, como o próprio tempo. Afinal, mais uma vez, nosso tempo é o mesmo. E ele é uma das moedas mais preciosas que temos no momento presente.
As escolhas
Finalmente, o resultado dessa divagação toda. Eu diria que a palavra que melhor define a escolha correta não é nem o sim, nem o não, mas o equilíbrio. Com ele é possível decidir o que é bom pra você e pro mundo.
É preciso diminuir o ritmo, apreciar o tempo e, com consciência, decidir o próximo passo.
Finalmente, apesar de soar levemente contraditório depois de tudo que disse, não pense tanto assim. Se achar razoável, faça como eu, não se leve tão a sério.
Na próxima vez que uma decisão cruzar o seu caminho, seja gente fina, seja elegante, mas sobretudo, seja sincero consigo mesmo ao escolher entre sim e não. Afinal, quem diz sim para tudo, acaba dizendo não para si mesmo.